Mais um livro lido esse ano e um dos meus favoritos até agora: O Conto da Aia {The Handmaid’s Tale em inglês} da escritora canadense Margaret Atwood.
Sinopse: A história de ‘O conto da aia’ passa-se num futuro muito próximo e tem como cenário uma república onde não existem mais jornais, revistas, livros nem filmes – tudo fora queimado. As universidades foram extintas. Também já não há advogados, porque ninguém tem direito a defesa. Os cidadãos considerados criminosos são fuzilados e pendurados mortos no muro, em praça pública, para servir de exemplo enquanto seus corpos apodrecem à vista de todos. Nesse Estado teocrático e totalitário, as mulheres são as vítimas preferenciais, anuladas por uma opressão sem precedentes. O nome dessa república é Gilead, mas já foi Estados Unidos da América. As mulheres de Gilead não têm direitos. Elas são divididas em categorias, cada qual com uma função muito específica no Estado – há as esposas, as marthas, as salvadoras etc. À pobre Offred coube a categoria de aia, o que significa pertencer ao governo e existir unicamente para procriar. Offred tem 33 anos. Antes, quando seu país ainda se chamava Estados Unidos, ela era casada e tinha uma filha. Mas o novo regime declarou adúlteros todos os segundos casamentos, assim como as uniões realizadas fora da religião oficial do Estado. Era o caso de Offred. Por isso, sua filha lhe foi tomada e doada para adoção, e ela foi tornada aia, sem nunca mais ter notícias de sua família. É uma realidade terrível, mas o ser humano é capaz de se adaptar a tudo. Com esta história, Margaret Atwood leva o leitor a refletir sobre liberdade, direitos civis, poder, a fragilidade do mundo tal qual o conhecemos, o futuro e, principalmente, o presente.
A história foi escrita em 1985, mas está super falada agora, pois a Hulu {concorrente da Netflix} lançou a série homônima ano passado. Ganhou o Grammy desse ano, com melhor série dramática, melhor atriz, atriz coadjuvante, roteiro e direção.
Eu quis muito ler o livro antes de assistir a série e li o livro todo durante o Carnaval. Não é um livro fácil de ler, o começo é um pouco complicado porque a autora vai e volta no tempo, sem mencionar nada sobre isso. Mas com o tempo, você consegue perceber sobre o que ela está falando. Eu demorei algumas páginas para entender, no começo estava achando que poderia ser meu inglês que não estava tão avançado para este livro ou que eu não era inteligente o suficiente para ler este livro. Porém, conversei com algumas amigas do #clubedolivrismo que também estava lendo e elas me explicaram que essa sensação é super comum no começo. Então, se você também tiver essa dificuldade no começo do livro, não desista! Sério! É um livro fantástico!
É uma história de ficção bem pesada e perturbadora que causa muito incomodo! Depois que engatei na história, também pensei em desistir porque é uma história muito muito pesada. Tinha horas que eu não conseguia ler a linha seguinte porque ainda estava desnorteada com o que tinha acabado de ler.
“…e os homens que faziam aquele tipo de coisas eram outros homens. Nenhum deles eram os homens que conhecíamos.As matérias de jornais eram como sonhos pra nós, sonhos ruins sonhados por outros. Que horror, diríamos, e eram, mas eram horrores sem ser críveis. Eram demasiados melodramáticos, tinham uma dimensão que não era a dimensão de nossas vidas. Éramos as pessoas que não estávamos nos jornais. Vivíamos nos espaços brancos não preenchidos nas margens da matéria impressa. Isso nos dava mais liberdade.” O Conto da Aia, Margaret Atwood
É uma ficção de um futuro distópico, próximo. Não é sobre política, não é sobre religião, não é sobre feminismo e muito menos sobre o mundo que vivemos hoje {afinal, ele foi escrito em 1985}. Mas é um livro que aborda todos estes temas, explica sobre o estado autoritário, expõe os riscos do fundamentalismo, critica a sociedade patriarcal e o papel da mulher na sociedade e tem semelhanças preocupantes com o mundo que vivemos hoje. Ou seja, de ficção tem muito pouco mesmo.
Sei que não é um livro que todo mundo gostaria de ler. Mas eu indico muito para todo mundo! Eu aprendi muito com esse livro, meu olhar crítico sobre as coisas mudou e ficou muito mais apurado. Não dá para gente ignorar fatos que acontecem no livro e a sua semelhança com a vida que vivemos hoje.
“Melhor?, digo, em voz baixa, apagada, Como ele pode pensar que isto é melhor?
Melhor nunca significa melhor para todo mundo, diz ele. Sempre significa pior, para alguns.” O Conto da Aia, Margaret Atwood
Sobre a série, ela não é muito fiel ao livro, mas acho que eles se complementam. Acho que em algumas partes, o livro é mais enrolado, mais descritivo. Na série, é tudo mais dinâmico. Eu li o livro antes de ver a série, mas como comentei, achei o começo do livro mais complicado, foi difícil me situar e entender. Talvez, se eu tivesse visto a série antes, eu não teria tido essa dificuldade. A série está passando aqui no Brasil através do canal de assinatura Paramount. Eu assisti pela Apple TV americana.
Quem já leu ou viu a série?! Ficou tão impactada como eu?!
Para quem não sabe, eu tenho uma conta do Good Reads e no Skoob. Quem quiser saber os livros que já li ou estou lendo e quiser interagir comigo, é só me adicionar por lá {clicando nos nomes dos sites aqui em cima, vocês já serão redirecionados para o perfil}.
Sempre me perguntam se eu gosto do Kindle e porque eu resolvi comprar. Eu fiz um vídeo bem completo, contando quais são as vantagens e desvantagens dele, na minha opinião. Vocês já viram?
Beijos!
Se cadastrem no Méliuz! Além de cupons desconto, você recebe parte do seu dinheiro de volta. Tem muita loja legal cadastrada! Vale a pena!
Comentários
Comentários via facebook
Comentários via blog
Giu, que crítica maravilhosa! Não tinha lido nenhuma produção que trouxesse esse comparativo entre a série e o livro. Adorei saber que a obra literária é ainda mais profunda que a série e que leva a esses detalhamentos metafóricos que vão ficando mais instigantes no decorrer. Foi fundamental você trazer o quanto as críticas sociais da obra são tão cabíveis na nossa atualidade, servindo como reflexões basilares para ‘os vestígios no hoje’. Lindeza!
http://WWW.SEMQUASES.COM
Obrigada!
E impossivel nao comparar com as coisas que estao acontecendo hohe em dia, ne?!
Fiquei e ainda me pego atordoada as vezes, quando começo a pensar.
Fiquei mto feliz que você gostou.
Beijos
Me senti exatamente assim no início, apesar de não ter terminado ainda. Mas demorei mais porque no início é muito difícil. Agora que cheguei na página 200 começou a engrenar e to ansiosa para terminar. Só vou começar a série quando terminar.
É dificil mesmo se situar no começo… eu me senti muito burra hahahaha
Mas depois a gente entende que é super livro, ne?!
Beijos
Eu estou louca pra assistir a série porque já ouvi falar isso do livro também Giu, que é uma leitura muito complicada, então quero ver a série primeiro e ler na sequência pra ver se isso me ajuda… Parece uma história bem perturbadora mesmo, mas tenho lido tanto sobre que cada post aumenta minha curiosidade… Beijokas ;)
Depois me conta o que você achou! Com certeza, e um dos melhores livros que li na vida.
Beijos